QUANDO CHOVE na rua é a minha alma que lamenta a tristeza de viver sem esperança. Juntamo-nos para quê? Rimos e cantamos como? Navegamos até onde? Que desejo nos arrasta para as chamas que a terra húmida torna invisíveis? Tivéssemos nascido em redor de outra estrela e nem assim teríamos destino diferente. Não há horizontes além nas galáxias.
Apontamentos
sexta-feira, dezembro 10, 2010
A ESCRITA é exposição, descarnamento, vulnerabilidade. Não permite subterfúgios, zonas de sombra, momentos escorregadios, traições, infidelidades. Não engana, não simula, não encobre. Revela com minúcia e rigor a estrutura sobre a qual assenta. É o que é, e apenas isso, na sua integridade e completude. Daí o seu poder.
quinta-feira, dezembro 09, 2010
ANDAM PELA CIDADE em todos os momentos os que aqui viveram, amaram, fumaram, conversaram em noites de envolvimento e paixão. Continuam a vaguear por aqui as suas sombras, no frenesim das ruas iluminadas, sombras como fugas que persigo para dizer quem somos, para explicar feitos, realçar desejos, anotar mortes.
quarta-feira, dezembro 08, 2010
terça-feira, dezembro 07, 2010
DAMOS SENTIDO ao corpo, ao que nos está próximo, ao que vemos, ao que compreendemos, ou julgamos compreender. O que conhecemos é a teia de relações entre lógicas que se sobrepõem ante a nossa crença. Acumulamos saberes que não correspondem ao real palpável. Construímos ficções que nos impedem de ver a existência.
segunda-feira, dezembro 06, 2010
A CRÍTICA tem por base uma visão estrita das pessoas e das coisas, decorre do instinto, da parte de nós que não pensa, da parte de nós à qual não compete entender. Sempre que criticamos alguém fazemo-lo com base na ignorância, na falta de sensibilidade e de inteligência. Em vez de criticar, devemos cingir-nos a pensar melhor e fazer melhor.
domingo, dezembro 05, 2010
PASSA NA MINHA FRENTE e segue sem me olhar. Senta-se no sofá, a ver televisão, de pernas dobradas sob o rabo e olhos muito abertos para o ecrã. Deixa-se ficar por mais de uma hora, praticamente sem se mexer. Por fim, levanta-se e retira-se, passando de novo à minha frente, sem me olhar, nem dirigir palavra.
sábado, dezembro 04, 2010
sexta-feira, dezembro 03, 2010
RODOPIAM murmúrios no espaço sideral, enquanto vou observando as carruagens que avançam no campo de batalha em que a cidade se transformou. Gente delicada, envergando roupa sedosa e fina, sapatos lustrosos levantando poeiras de gritos em todas as direções. Chamam-me de muitos lados, implorando amor, onde só há morte.
quinta-feira, dezembro 02, 2010
A ARTE transforma o corpo do criador. Dá-lhe novas linhas, músculos, cores, gestos, olhares, expressões faciais, formas de sentar, de andar, de procurar. Avança na sua frente como uma vaga de lume devastando a paisagem por piedade. Transforma o corpo do criador e transforma a mente de quem testemunha o crime.
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